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Como o clima pode impactar nas doenças da soja?

controle de doenças na lavoura é um dos principais desafios para os agricultores brasileiros. Apesar do clima tropical favorecer a agricultura e o cultivo de diversas commodities, essas mesmas condições climáticas também favorecem e impactam significativamente no manejo fitossanitário, interferindo diretamente nos custos de produção da lavoura.

Para obter sucesso no cultivo da soja, é imprescindível que os produtores se atentem ao combate das doenças durante todos os estágios de desenvolvimento da soja considerando o clima em cada fase. Isso porque fatores ambientais como umidade, temperatura, incidência solar, radiação, ventos, precipitação, entre muitos outros, influenciam diretamente nos processos de disseminação, dispersão, deposição do inóculo, infecção, progresso e evolução de epidemias na cultura da soja.

 

Quando o produtor entende a relação entre o clima e o controle de doenças da soja, a tomada de decisões se torna mais precisa e assertiva.

 

Regime de chuvas e ocorrência de doenças da soja

Das diversas doenças que podem acometer lavouras de soja no Brasil, as principais e mais preocupantes para os produtores são as doenças fúngicas.

A ferrugem-asiática, por exemplo, é responsável por até 80% das aplicações de fungicidas na cultura. Doenças como mancha-alvo, cercóspora, septória, antracnose, mofo-branco e oídio também são doenças de grande relevância causadas por fungos e que geram grandes prejuízos para os produtores. A ocorrência dessas doenças pode variar de acordo com a cultivar, com a região e com a época de semeadura.

Entre os fatores climáticos presentes no ciclo da cultura da soja, um dos fatores que mais pode impactar no aparecimento e desenvolvimento de doenças é a precipitação.

Muitos dias de chuva com alto volume de precipitação e alta umidade do ar beneficia doenças como mancha-alvo, ferrugem, antracnose, mofo-branco e doenças de final de ciclo, como a mancha-parda e crestamento foliar. Por outro lado, períodos de déficit hídrico também podem beneficiar a ocorrência de doenças, que é o caso do oídio.

 

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Além de favorecer o desenvolvimento da cultura, as chuvas também beneficiam o surgimento, estabelecimento e evolução das doenças. Associado a isso, dependendo das condições, excessos de precipitações podem limitar o trânsito de máquinas agrícolas nas áreas, ocasionando atrasos de manejo, que podem impactar em prejuízos e danos econômicos pelo manejo fitossanitário inadequado.

Desse modo, o controle de doenças pode se tornar tardio, maximizando os prejuízos e os danos econômicos. Para equilibrar esses favores e conseguir ter uma previsão clara e assertiva para as tomadas de decisão ao longo dos ciclos da soja, contar com monitoramento da área, previsão climática e recomendações precisas é a melhor estratégia para saber exatamente como e quando agir para melhorar a rentabilidade e assegurar o lucro da safra.

Em contrapartida, a falta de chuvas pode fazer com que a lavoura tenha um desenvolvimento mais limitado, ao mesmo tempo que reduz o progresso da maioria das doenças da soja de forma significativa, o que pode reduzir a necessidade de aplicação de fungicidas e/ou alongando-se intervalos de aplicação. Isso reduz também a necessidade de aplicação de fungicidas e os custos totais de produção.

Vale a pena ressaltar que além da entrada na lavoura, a aplicação de fungicidas e outros defensivos também tende a mudar de acordo com o regime de chuvas previsto para antes ou após a aplicação.

 

Temperatura e o desenvolvimento de doenças da soja

Cada patógeno apresenta condições ideais para expressar seu máximo potencial de infeção e de progresso. Entre essas condições, a temperatura é um fator importante, onde limites termais máximos e mínimos variáveis conforme o local, podem favorecer ou não o desenvolvimento dos patógenos.

Em geral, no Brasil, o clima tropical e temperaturas durante o período de cultivo da soja nas mais diversas latitudes, beneficiam o desenvolvimento da maioria dos patógenos.

Doenças como a mancha-alvo e a mela encontram condições ideais de desenvolvimento em temperaturas médias de 28ºC. Nessas condições, em cultivares suscetíveis e com a presença do patógeno na área, essas doenças podem ser tão agressivas e prejudiciais para a lavoura quanto a ferrugem. 

Em temperaturas entre 15 e 25ºC, a ferrugem-asiática e a mancha-parda encontram ótimas condições para seu desenvolvimento. O mesmo acontece com o crestamento foliar, com temperaturas entre 23 e 27ºC.

Em alguns locais com temperatura elevada (acima de 25ºC), cultivares suscetíveis e com a presença de inóculo na área ou em sementes, a antracnose pode se tornar uma doença importante, podendo acometer em todos os estádios de desenvolvimento em diversas partes vegetais, provocando perdas de rendimento de até 100%.

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