Considerada uma doença de difícil manejo e com grande impacto na produtividade, o mofo-branco na soja, também chamado de podridão-branca-da-haste, é uma doença causada pelo fungo Sclerotinia scletotiorum.
O fungo acomete mais de 400 espécies de plantas, dentre elas soja, feijão, girassol e algodão, e vem aumentando sua área de incidência nos últimos anos, tornando-se uma das principais doenças da soja no Brasil.
Safras com clima chuvoso e temperatura amena favorecem o desenvolvimento do fungo, podendo causar redução de produtividade de 70% em áreas altamente infestadas.
As perdas de rendimento são causadas pela redução da quantidade e do peso dos grãos, resultante do apodrecimento dos tecidos da planta, principalmente da haste principal e em órgãos reprodutivos.
Para cada ponto percentual de aumento da incidência de mofo-branco, ocorre uma redução média na produtividade da soja de 17,2 kg por ha.
Condições para o desenvolvimento do mofo-branco na soja
A introdução do fungo na lavoura ocorre por meio de escleródios, que podem ser transportados por máquinas, equipamentos, caminhões, por sementes de diversas espécies e restos culturais de plantas infectadas.
Sob condições adequadas (alta umidade e temperaturas entre 10 e 23ºC) os esclerócios caídos no solo, germinam e produzem apotécios que produzem ascósporos (esporos do fungo), que são responsáveis pela infecção das plantas. Estes esporos também podem sofrer ação dos ventos e se disseminar em maiores distâncias.
Condições de elevada umidade e precipitação, assim como também a alta densidade populacional do hospedeiro, são altamente favoráveis para que ocorra a infecção, podendo proporcionar grande incidência da doença.
Outro ponto importante que pode elevar a incidência de infecção de mofo-branco na soja é a ausência de palhada que, quando presente, poderia atuar como barreira física, tanto para a germinação dos apotécios, como na chegada de ascósporos nas plantas.
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Sintomas do mofo-branco na soja
O mofo-branco na soja pode ocorrer tanto na fase vegetativa quanto reprodutiva da cultura da soja, podendo apresentar sintomas em caules, ramos, hastes, pecíolos, folhas, flores e legumes. O ataque mais intenso ocorre na fase reprodutiva, onde acontecem infecções a partir das inflorescências e das axilas das folhas e ramos laterais.
Os primeiros sintomas são manchas aquosas, que em seguida adquirem coloração castanho-clara e desenvolvem abundante formação de micélio branco e denso em todas as partes da planta afetada pela doença.
As infecções iniciam com mais frequência a partir das inflorescências e das axilas das folhas e ramos laterais. Em poucos dias, são formados os escleródios, estruturas negras e rígidas que podem permanecer viáveis no solo por até oito anos.
Durante a fase de plântulas, as plantas mostram folhas amareladas e posteriormente morrem. Em plantas adultas, 7 a 14 dias após a infecção da haste, com a evolução dos sintomas, ocorre a morte de plantas, com folhas secas e bordos retorcidos, sem apresentar aspecto de carijó.
Inicialmente os danos são observados em plantas isoladas e após formam-se reboleiras que podem acometer toda a lavoura.
Como fazer o controle do mofo-branco na soja?
O controle do mofo-branco na soja, devido a sua estrutura de resistência no solo entre outras particularidades, é difícil e complexo, e por isso, é importante utilizar um manejo integrado da doença, adotando algumas estratégias específicas.
Estas, visam a redução de escleródios no solo, assim como redução de incidências e severidades no cultivo, de modo a melhorar o controle e a sustentabilidade da lavoura, como por exemplo:
- Evitar ao máximo a chegada de escleródios nas áreas, através da utilização de sementes certificadas e livres do patógeno, assim como limpeza para o transporte de máquinas e equipamentos;
- Uso de populações de plantas reduzidas, através da adoção de maior espaçamento entre linhas e menor densidade de plantas;
- Rotação de culturas não hospedeiras como, por exemplo, milho, trigo, aveia, entre outros;
- Uso de sistema de plantio direto, preservando ao máximo a palhada na lavoura;
- Controle de plantas daninhas hospedeiras;
- Tratamento de sementes com fungicidas;
- Aplicações de fungicidas em parte aérea com os produtos específicos e nos momentos adequados;
- Utilização de produtos biológicos;
- Escolha de cultivares adequadas.
É importante evidenciar que ainda não há no mercado (Brasil) cultivares que apresentem resistência ao patógeno. É interessante no manejo integrado, a escolha de cultivares menos sensíveis e que apresentem porte ereto, com menor tendência de ramificação, menor índice de área foliar (com objetivo de evitar um microclima favorável) e com período de florescimento menor.
Em relação ao manejo químico, alguns pontos necessitam ser ressaltados. Nenhum dos fungicidas disponíveis no mercado, possuem efeitos curativos significativos, necessitando então de um manejo preventivo, e neste caso, principalmente no período de florescimento, a cultura necessita estar protegida por fungicidas.
Ou seja, o ponto mais importante para o manejo químico é acertar o momento de aplicação. Deve-se visar que a primeira aplicação de fungicida ocorra de modo a proteger o florescimento da cultura (estádio R1), e que caso seja necessária demais aplicações, que estas não passem de um intervalo de 12 dias, devido ao residual diminuto dos produtos.
A maioria dos fungicidas para manejo de mofo-branco disponíveis no mercado possuem um valor bem elevado e são bem específicos, ou seja, os fungicidas utilizados tradicionalmente para as outras doenças, como ferrugem, antracnose, oídio, cercóspora, entre outras, não possuem elevada efetividade para o fungo Sclerotinia sclerotiorum.
Os principais fungicidas disponíveis no mercado são a base de fluazinam, carbendazim, tiofanato-metílico, procimidona, boscalida, dimoxistrobina e iprodiona.
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Alternativa no controle do mofo-branco na soja
O controle biológico do mofo-branco na soja vem sendo utilizado atualmente como forma complementar no manejo fitossanitário da doença.
Os produtos comerciais com alvo biológico para Sclerotinia scletotiorum estão restritos ao gênero Bacillus e ao gênero Trichoderma.
O manejo biológico do mofo-branco tem como principal objetivo atingir os escleródios do patógeno através da infestação do solo com os agentes de controle biológico, diminuindo assim, a fonte de inóculo no campo.
A aplicação dos produtos deve ser realizada antes da germinação dos escleródios, ou seja, quando os escleródios se encontram em repouso no solo.
Considerando-se o sistema de produção de soja prevalente nas áreas de incidência de mofo-branco, o período de aplicação dos produtos biológicos para controle dos escleródios compreende a pós-colheita da soja até o final do período vegetativo da cultura na safra seguinte.
Para a eficiência do controle biológico, condições ambientais de alta umidade no solo, temperatura do ar entre 15 °C a 25 °C e pouca incidência de luz solar, são necessárias.
Nesse sentido, a presença de uma boa cobertura de solo com palhada é condicionante ao estabelecimento dos agentes biológicos de controle.
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