Durante o ciclo da soja, pulverizações de produtos fitossanitários são necessários. Por isso, devemos ficar atentos para evitar que ocorra a fitotoxicidade nas plantas.
No decorrer deste artigo, serão abordados os fundamentos técnicos que podem fazer a diferença quando o assunto é fitotoxicidade na soja. Continue acompanhando!
O que é fitotoxicidade?
A fitotoxicidade é a capacidade que alguns produtos têm de causarem danos (em sua maioria permanentes) na parte aérea da planta, podendo induzir também respostas fisiológicas e/ou bioquímicas. Estes produtos podem ser herbicidas, fungicidas, inseticidas e/ou nutrientes foliares.
A aplicação, em níveis superiores aos adequados e capazes de serem metabolizados pela planta, causa excesso do estresse oxidativo nas células, que ocorre em função do aumento na concentração de espécies reativas de oxigênio (EROs), gerando um incômodo fisiológico na planta e consequentemente provocando danos.
É importante salientar que nem sempre a presença de fitotoxicidade na soja traz perdas consideráveis na produtividade, logo, dependendo do cenário, é muito mais importante que o manejo de pragas, doenças e plantas daninhas seja realizado, mesmo que cause certo grau de fitotoxicidade, do que não seja realizado e ocorram perdas em decorrência da presença dessas pragas.
Quais são os sintomas da fitotoxicidade na soja?
A manifestação dos sintomas de fitotoxicidade na soja, em sua grande maioria, ocorre de forma localizada, sendo estes:
1. Necróticos: Quando há degeneração do protoplasma, resultando em morte de células, tecidos e órgãos, causando amarelecimento, clorose, manchas, queima, estrias, secas.
2. Plásticos: Quando há anomalias no crescimento, multiplicação e diferenciação de células, causando subdesenvolvimento de plantas, encarquilhamento, engrossamento, albinismo, entre outros. É importante lembrar que nem sempre estes sintomas são visíveis.
3. Fitotoxicidade fisiológica: Quando a planta não consegue metabolizar completamente o produto, mas não há sintomas aparentes, sendo que a planta pode sofrer danos fisiológicos mesmo assim.
Quais são os fatores que influenciam na fitotoxicidade?
A fitotoxicidade em soja resulta de vários fatores, incluindo o produto utilizado, pH da calda, adjuvantes utilizados, volume de calda, tecnologia de aplicação adotada, condições climáticas como regime hídrco, temperatura, umidade do ar e vento, além das características da planta, como estádio fenológico, cultivar, entre outros.
Veja a seguir o detalhamento de cada fator que pode afetar na fitotoxicidade das plantas de soja:
1. Produto:
Há uma variação na capacidade dos produtos em causar fitotoxicidade nas plantas, em função dos ingredientes ativos em sua composição, lipofilicidade, formulação e do seu pH.
2. Tecnologia de aplicação:
Uso de adjuvantes equivocados, volumes de calda muito baixos, causando gotas muito concentradas e a deposição excessiva de produtos em apenas uma porção do dossel vegetativo, os quais podem favorecer a expressão da fitotoxicidade.
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3. Ambiente:
Os principais fatores são as condições hídricas no momento da aplicação, a temperatura, a umidade do ar e o vento.
Em condição de estresse hídrico há maior risco de fitotoxicidade na soja, pois há maior retenção dos produtos aplicados, maior persistência, menor absorção e transpiração da planta e menor sistemicidade do produto.
Os parâmetros climáticos no momento de aplicação irão interferir na duração da gota na superfície foliar e no estado físico do produto, por isso vento, temperatura e umidade adequados são fundamentais para minimizar os riscos de fitotoxicidade.
4. Planta:
Os pontos mais importantes são relacionados a idade dos tecidos, estádio fenológico e cultivar utilizada.
Em estádios fenológicos mais avançados, a planta possui menor capacidade de metabolização dos produtos aplicados, traduzindo em maior risco de fitotoxicidade.
Em relação a cultivar, há cultivares mais sensíveis ao aparecimento de fitotoxicidade, sendo que normalmente (não é regra) cultivares mais precoces são mais sensíveis a estresses abióticos, sendo este fator importante e que deve ser levado em conta na construção de um programa de controle.
Buscar estratégias para mitigar o risco de fitotoxicidade e reduções de produtividade é muito importante. Dessa forma, adequar os produtos e misturas, buscar o melhor momento de aplicação, trabalhar com uma tecnologia de aplicação adequada, entre outros, é a chave para obter sucesso nas suas aplicações fitossanitárias em relação a fitotoxicidade.