A soja é a cultura agrícola de maior importância no PIB do Brasil. Neste sentido, é comum enfrentar riscos que vão impactar na cotação e no preço, como as mudanças climáticas, questões fitossanitárias, doenças, plantas daninhas e outras condições.
Diferente de alguns outros produtos agrícolas, o preço da saca de soja não é precificada pelo produtor, independentemente do esforço colocado em sua safra.
A soja é uma commodity que tem impacto direto na oferta e demanda do mercado mundial, tendo o seu valor base determinado, especialmente, pela Bolsa de Chicago, que usa estudos de perspectivas de demandas e dados de perspectiva de produção para o cálculo do custo.
Para você que trabalha com agronegócio é essencial entender essa matemática e o que está por trás dela.
Continue acompanhando o conteúdo e saiba mais detalhes de como é formado o valor da saca da soja.
O que é uma commodity?
Commodity é um tipo de produto de origem primária comercializado mundialmente classificado a partir da sua origem, podendo ser agrícola, ambiental, mineral e energética e financeira.
As commodities podem ser divididas entre soft, em caso de produtos que podem ser consumidos ou usados como matéria-prima, como a soja, e entre hard, quando são matérias-primas que podem ser extraídos ou minerados.
A soja é um dos produtos que se encaixa como commodity soft, por ser uma matéria-prima capaz de desenvolver outros produtos, como o óleo de soja, ração animal e biocombustíveis, por exemplo, sendo capaz de movimentar o mercado econômico mundial.
O que determina a cotação base do preço da soja?
Para a cotação base do preço da soja os valores são calculados a partir da Bolsa de Chicago, porém, vários outros parâmetros são considerados para chegar ao preço local de cada país e região produtora (geralmente o preço pago ao produtor). Entre estes parâmetros estão:
Prêmio de exportação: Faz uma relação ou ajuste, entre a cotação na Bolsa de Chicago com o mercado físico local. O prêmio pode ser positivo ou negativo, sendo influenciado pela oferta e demanda da soja, cotação do dólar, entre outros.
Cotação do dólar: Como a cotação na Bolsa de Chicago é determinada em dólar, é necessário realizar a conversão para Real.
Despesas de exportação: São os gastos dos portos, comissões, taxas, entre outras despesas portuárias.
Transporte: É o somatório dos custos do frete do local de produção até o porto de exportação. Este cálculo varia muito entre as regiões do país, sendo maior quanto mais distante a região produtora se encontrar do porto em questão.
Mudanças climáticas: Este fator pode afetar negativamente a produtividade em casos de secas, chuvas excessivas e geadas tardias. Variações extremas de temperatura, como ondas de calor ou frio intenso, o que pode levar a um aumento nos preços devido à redução na oferta.
Doenças da soja: Doenças como a ferrugem da soja podem prejudicar gravemente a safra, levando a uma redução na produção. Neste sentido, quando a oferta cai e a demanda permanece constante ou aumenta, os preços da soja tendem a subir. Além disso, as doenças podem afetar a qualidade dos grãos, diminuindo o interesse dos compradores, resultando em valores mais baixos para a soja afetada.
Infelizmente nenhum produtor está livre das doenças da soja e a melhor forma de prevenção é saber a fundo quais são as doenças, formas de controle e monitoramento.
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Como é feito o cálculo da saca da soja?
O cálculo que determina o preço da saca de soja vai depender de alguns fatores do mercado, como:
- Cotação na Bolsa de Chicago (US$ / bushel);
- Prêmio de Exportação no Porto destino;
- Despesas de Exportação;
- Despesas extras (Transporte, Outros custos).
Em resumo, o preço da saca de soja no Brasil é resultado de uma combinação de fatores, incluindo cotações internacionais, prêmios de exportação, despesas de exportação e despesas extras.
Esses fatores podem, e irão, variar ao longo do tempo devido às mudanças nas condições do mercado, o que faz com que o preço da soja seja dinâmico e sujeito a flutuações. Para ilustrar melhor a explicação, confira o exemplo prático abaixo que nós desenvolvemos:
Exemplo prático:
Considerando os seguintes dados fictícios:
Fechamento na Bolsa de Chicago: US$12,00/bushel
Prêmio de Exportação: + US$ 0,40/bushel
Despesas de exportação: US$ 20,00/tonelada
Câmbio: R$5,00
Frete e custos extras até o local: R$100/tonelada.
Cálculo:
Cotação na Bolsa de Chicago (US$12,00/bushel) + Prêmio de Exportação no Porto destino (+US$0,40/bushel) = US$12,40/bushel = US$455,6218/tonelada (multiplica por 36,7437 para conversão de bushel para tonelada) – Despesas de Exportação (US$ 20,00/tonelada) = US$ 435,6218/tonelada = Preço posto no porto R$ 2178,11/tonelada (convertido para câmbio de R$ 5,00) – Despesas extras (Transporte, Outros custos) (R$ 100/tonelada) = R$ 2078,11/tonelada = Preço no local exemplo: R$ 124,68/saca (multiplica por 0,06 para conversão para saca de 60 kg).
Neste exemplo, o preço pago ao produtor será de R$124,68/saca.
Dica para produtores de soja!
Para o sucesso profissional, um produtor necessita equilibrar custos de produção e investimentos, e buscar boas produtividades, além de ser assertivo quanto ao melhor momento de preços de vendas.
É crucial manter uma gestão financeira sólida e isso inclui controlar os fluxos de caixa, gerenciar dívidas e despesas, assim como planejar investimentos de forma estratégica.
Além disso, a adoção de tecnologias modernas e práticas de manejo eficientes, especialmente de âmbito fitossanitário, podem aumentar a produtividade e reduzir custos.
Isso inclui o uso de sementes de qualidade, sistemas de irrigação, maquinaria agrícola avançada e a implementação de práticas de agricultura de precisão.
Outro ponto para ficar atento, são as mudanças e fenômenos climáticos, como o El Niño, que poderão afetar a produtividade, impactando o lucro final.