Dessecação na Pré-Colheita em Soja: Confira a técnica

A dessecação na pré-colheita da cultura da soja consiste em aplicar um herbicida, causando a seca e a morte da lavoura. Esta prática pode proporcionar benefícios, ou até malefícios, variando de acordo com diferentes fatores.

Esta é uma estratégia interessante que merece destaque, assim como exige cuidados específicos para trazer benefícios para a fazenda. Entenda neste artigo mais detalhes sobre a prática, quais as vantagens e possíveis malefícios, como realizar, entre outros detalhes importantes para evitar perdas de produtividade e melhorar o seu planejamento.

 

Por que dessecar na pré-colheita? Quais os benefícios?

É possível observar que em algumas lavouras no final do ciclo, onde em determinados locais, geralmente em reboleiras, as plantas apresentam-se desuniformes (com maior ou menor retenção foliar) em relação ao restante da lavoura. Este é um exemplo prático de onde esta técnica pode ser utilizada.

A dessecação em pré-colheita permitirá neste caso, uma maior uniformização da lavoura para colher a área total na mesma condição de umidade e de abscisão foliar (queda de folhas). Isto pode proporcionar menores descontos ou custos no momento de limpeza ou secagem dos grãos.

Além disso, vários outros podem ser os motivos para a utilização da prática de dessecação. Dentre os exemplos, é possível realizá-la para controle de ervas invasoras, ou seja, os herbicidas utilizados já podem controlar plantas daninhas, proporcionando na próxima semeadura, uma lavoura “limpa” em relação às plantas daninhas.

A dessecação também proporciona uma antecipação da colheita da soja, permitindo maior janela de semeadura da cultura sucessora (como é o caso do milho segunda safra). Muitos produtores utilizam a dessecação exclusivamente por este motivo, pois, pode trazer benefícios para a cultura seguinte, com condições principalmente de chuva mais favoráveis.

Geralmente a antecipação da colheita varia entre 4 e 10 dias, o que pode fazer uma grande diferença para o próximo plantio e na programação da fazenda em geral.

Outro benefício importante a ser elencado é que ao antecipar a colheita, a lavoura fica por menos tempo exposta a intempéries, patógenos e pragas, os quais poderiam reduzir a produtividade ou qualidade de grãos.

  Foto: Me. Leonardo Furlani

 

Qual o momento adequado para esta prática?

Para ter o melhor resultado com essa técnica é preciso monitorar a lavoura para garantir o momento ideal da aplicação. Resumidamente, o período adequado para a dessecação da soja é a partir do ponto de maturação fisiológica. Mas por quê? Como identificar?

O ponto de máxima maturidade fisiológica é o momento em que os grãos atingem o máximo de acúmulo de matéria seca, finalizando o processo de enchimento de grãos e transporte de fotoassimilados.

Então, após ser alcançado este ponto de maturidade fisiológica, chega-se ao melhor momento para a prática da dessecação na pré-colheita em soja. Nestas condições, a soja chega ao que é chamado de estágio R7 de acordo com a escala de Fehr e Caviness (1977), onde há presença de um legume na coloração madura na haste principal. O ideal é que já se tenha mais de 75% de legumes na coloração madura na planta.

 

Equívocos no momento da dessecação podem provocar malefícios?

Esta pergunta é comum para produtores que utilizam a técnica de dessecação na soja: posso antecipar ainda mais a dessecação para também antecipar a semeadura seguinte?

A resposta é: do ponto de vista fisiológico e às vezes também considerando a massa seca, antes do estágio R7, os grãos ainda não estão prontos. Neste caso, perdas de produtividade e na qualidade dos grãos são esperadas, sendo que estas podem ser maiores do que os benefícios da antecipação da próxima cultura.

 

Confira:

> Produtividade da soja: processos fisiológicos

> Planilha de Controle de Rendimento de Soja

 

Como realizar? Quais os produtos mais adequados?

Os produtos mais utilizados para esta prática, geralmente são herbicidas de contato. Com esta informação já destaca-se um ponto importante: é crucial utilizar uma tecnologia de aplicação adequada, que proporcione o máximo de cobertura da planta para obter a eficácia máxima.

Quais produtos utilizar? É fundamental fazer o uso de produtos que possuam registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para a cultura da soja.

Os ingredientes ativos normalmente mais utilizados são paraquate, diquat, glufosinato de amônio, saflufenacil, glifosato, entre outros. Ressalta-se aqui, sobre a importância de atentar-se à legislação vigente em relação aos produtos liberados e recomendados para esta prática na cultura da soja.

herbicida glifosato, por exemplo, pode ser utilizado para soja convencional, ou seja, que não possui resistência ao mesmo, porém, é importante lembrar que já existem várias plantas daninhas com resistência a este herbicida.

Por isso, é importante que o produto a ser utilizado seja o mais adequado possível, considerando as plantas daninhas infestantes na área, assim como outros fatores, como o tempo para a ação do produto. Para tanto, evidencia-se a importância de sempre consultar um engenheiro agrônomo.

 

Leia também:

> Planilha de Controle de Aplicações

> Importância do NDVI na Agricultura

 

O que cuidar após a aplicação? 

Já conhecendo os prejuízos que o momento inadequado da dessecação pode proporcionar, faz-se necessário elucidar os prejuízos que podem ocorrer devido a colheita não ser realizada no momento adequado.

A prática da dessecação pode beneficiar seu planejamento para a cultura seguinte, mas, se não programada da maneira correta, pode prejudicar o planejamento da sua colheita, principalmente se não respeitada sua capacidade operacional.

É importante salientar que há uma variação na velocidade de desfolha da lavoura conforme as condições climáticas, o produto utilizado e a cultivar. Algumas cultivares podem reagir ao herbicida de maneira mais rápida e outras mais lenta. Isto pode impactar em um acúmulo de área a ser colhida e pode provocar prejuízos devido aos atrasos de colheita, como por exemplo, a abertura de legumes, germinação de grãos nos legumes e até apodrecimento da cultura.

Por isso é importante analisar informações de previsão do tempo após a dessecação, avaliar a cultivar e os riscos particulares de cada situação, para programar e tomar as melhores decisões acerca desta prática.

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