A ferrugem asiática da soja, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, é considerada a doença mais severa da soja, podendo causar perdas de até 90% na produtividade quando não controlada.
O primeiro caso da doença foi registrado no Brasil no ano de 2001, e como a dispersão do fungo ocorre na maioria das vezes pelo vento, a doença alastrou-se rapidamente para as outras regiões produtoras.
A ferrugem asiática da soja é a doença mais severa que incide na cultura e o principal dano ocasionado pela é a desfolha precoce, que impede a completa formação dos grãos, com consequente redução da produtividade.
Por ser um fungo biotrófico, necessita de um hospedeiro vivo para sobreviver e reproduzir, podendo infectar aproximadamente 95 espécies em 42 gêneros de plantas. Deste modo, a sobrevivência do fungo durante as condições de entressafra pode ocorrer em plantas de soja voluntárias, hospedeiros intermediários ou em plantios safrinha.
Sintomas e danos provocados pela ferrugem asiática
Os sintomas da ferrugem asiática da soja podem ocorrer desde a emergência até a maturação, dependendo da concentração de inóculo e das condições ambientais.
A sua principal característica são os sintomas iniciais nas folhas e hastes do terço inferior da planta, ou seja, a face abaxial e a face adaxial.
Face abaxial
A doença se manifesta com o surgimento na face abaxial (parte inferior) da folha, de pequenas pontuações esverdeadas a cinza-esverdeadas, de aproximadamente 1 mm, com correspondentes saliências (urédias), que são as estruturas de reprodução do fungo chamadas de urédias.
Posteriormente, as pontuações crescem (entre 2 a 5 mm) e as saliências se abrem formando as pústulas por onde são expelidos os uredósporos (estruturas reprodutivas), que formam uma massa pulverulenta de cor alaranjada ou acastanhada, característica marcante da doença.
Face adaxial
Na face adaxial (parte superior), ocorre o aparecimento de pequenas pontuações mais escuras. Com a evolução da doença, o tecido ao redor da lesão adquire coloração castanho-escuro, formando lesões visíveis em ambas as faces da folha, levando ao rápido amarelecimento e queda prematura das folhas.
Com a alta densidade de lesões, as folhas ficam amarelas, e ocorre a desfolha prematura, podendo levar ao aborto e queda dos legumes, afetando diretamente o enchimento de grãos, a qualidade fisiológica da semente e pode causar a redução no teor de óleo, porém, sem decréscimos nos teores de proteína.
Mesmo com a doença em severidades baixas já é possível observar danos elevados, principalmente em cultivares com baixa tolerância à ferrugem asiática, o que reforça a necessidade de aplicações de fungicidas de forma totalmente preventiva/protetora.
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Ciclo de vida e condições climáticas para o desenvolvimento
A dispersão dos esporos de Phakopsora pachyrhizi (ferrugem asiática da soja) acontece pelo vento, o que permite que ele seja levado a longas distâncias.
As primeiras áreas semeadas no Brasil (MT e PR) são normalmente as primeiras a ter incidência de ferrugem asiática, sendo possível observar que em áreas progressivamente mais distantes há atraso no gradiente de dispersão de inóculo, bem como a pressão da doença, estimado em 1 semana para cada 500 km de distância.
O patógeno é favorecido em temperaturas de 15°C a 25°C e umidade acima de 80%, onde há multiplicação rápida do inóculo, podendo propiciar infecções antecipadas, aumentando o nível de inóculo disponível para as áreas com semeaduras tardias ou cultivares de ciclo longo (acima de 120 dias).
A disponibilidade de água livre sobre a superfície foliar é fundamental para o início da infecção, sendo necessário um período mínimo de 6 horas de molhamento foliar para a germinação dos uredósporos, formação de apressório e penetração no tecido foliar, que é verificada normalmente na parte inferior do dossel das plantas, devido ao microclima favorável.
Veja o ciclo de vida da Phakopsora pachyrhizi:
Phakopsora pachyrhizi não necessita de estômatos ou ferimentos para infecção, pois penetra diretamente através da cutícula e epiderme, sendo mais rápida e fácil.
Para controle da ferrugem asiática é fundamental que o manejo seja feito de forma integrada, utilizando várias medidas conjuntamente para obter sucesso no controle.
Sendo assim, vamos entender um pouco mais sobre algumas medidas que podem ser tomadas para manejo da ferrugem asiática.
Dicas de manejos para a ferrugem asiática da soja
A ferrugem asiática da soja é uma doença que representa um desafio constante para os produtores em todo o mundo.
Para proteger suas plantações e garantir uma colheita saudável, é fundamental adotar uma série de dicas e práticas recomendadas para o controle e prevenção da ferrugem asiática da soja, como:
1. Adoção do vazio sanitário
O vazio sanitário é o período de 60 ou 90 dias (dependendo do estado brasileiro) em que é proibido manter nas lavouras plantas vivas de soja.
Após finalizada a colheita deve-se destruir todas as plantas remanescentes por meio de métodos químicos ou físicos.
O objetivo é interromper o ciclo do patógeno e diminuir a quantidade de esporos na área durante a entressafra, já que o fungo Phakopsora pachyrhizi é biotrófico e necessita de hospedeiro vivo para se desenvolver.
No Brasil há uma normativa estabelecida para 13 estados e o Distrito Federal que os obriga a adotar o vazio sanitário durante a safra. Além do Brasil, o Paraguai também estabeleceu o período de vazio sanitário, chamado de “pausa fitossanitária”.
2. Realizar a semeadura no início do período indicado
Realizar a semeadura cedo, permite com que tenha uma menor pressão do patógeno na região, atrasando ao máximo o risco de infecção por Phakopsora, podendo reduzir o número de aplicações na safra para esta doença.
A semeadura no início do período, associando ainda com cultivares de ciclo precoce é uma estratégia que visa “escapar” do patógeno.
Essa estratégia visa diminuir o tempo de exposição da planta ao fungo e das condições ambientais mais favoráveis ao seu desenvolvimento. Assim, realizando as primeiras semeaduras após o vazio sanitário, os sintomas tendem a aparecer apenas na fase de enchimento de grãos, e em algumas situações não há aparecimento da doença.
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3. Utilização de cultivares resistentes
As cultivares resistentes contribuem para diminuição das perdas na produtividade e auxiliam na redução da pressão de seleção à resistência do fungo aos fungicidas.
Nas cultivares resistentes as lesões, dependendo do gene, produzem pouco ou nenhum uredósporo, não causando amarelecimento e queda das folhas de forma intensa, como pode ocorrer em cultivares suscetíveis.
4. Evitar segunda safra de soja (“safrinha”)
A soja safrinha nada mais é do que o cultivo pós safra, com semeadura nos períodos de janeiro a fevereiro.
Essa forma de cultivo não é recomendada, pois semeaduras tardias podem receber inóculo já nos estádios vegetativos, exigindo a antecipação da aplicação de fungicida e demandando maior número de aplicações, aumentando as chances de resistência por parte das populações dos patógenos.
5. Monitoramento
O monitoramento da lavoura deve ser realizado regularmente e de forma abrangente em toda a área, principalmente em locais com maior acúmulo de umidade, esse monitoramento deve ocorrer desde a emergência da planta e principalmente no período de fechamento do dossel.
Ficar atento à ocorrência de ferrugem nas regiões próximas também é importante para acompanhar a disseminação do inóculo.
Para acompanhar a dispersão e auxiliar os produtores no monitoramento da ferrugem-asiática, o site Consórcio Antiferrugem informa em quais regiões foram identificados focos da doença.
Além disso, nele também é possível registrar a ocorrência da doença em sua propriedade, ajudando outros produtores.
6. Controle químico
O controle químico é uma técnica muito utilizada e difundida, principalmente devido a sua eficácia e facilidade de uso. Aplicações de fungicidas, principalmente de forma preventiva, têm obtido os melhores resultados de controle para ferrugem da soja.
Para aplicação de forma preventiva devem-se considerar algumas variáveis, como a presença do fungo na região, a idade da planta e a condição climática favorável à logística de aplicação, a presença de outras doenças e o custo do controle.
Os fungicidas usados para controle da ferrugem asiática podem ser tanto de sítio-específico quanto multissítios.
Os de sítio específico atuam contra um único ponto da via metabólica de um patógeno ou contra uma única enzima ou proteína vital para o fungo, trazendo, desta forma, maior risco de resistência por parte dos fungos, principalmente quando há uso constante e repetitivo dos mesmos modos de ação, uso de doses inadequadas e exposição destes produtos em condições de elevada pressão do patógeno (especialmente em manejos curativos e erradicantes).
Fungicidas multissítios afetam diferentes pontos metabólitos do fungo, sendo ótima alternativa de controle por apresentarem baixo risco de resistência.
Por isso, para ter sucesso no controle através de fungicidas é necessário fazer a rotação e associação de diferentes modos de ação, adequar os programas à época de semeadura e a cultivar, usar dosagens corretas, uso de uma tecnologia de aplicação adequada, posicionar os produtos no momento adequado na cultura, realizar o número correto de aplicações, entre outros.
Quais os fungicidas mais usados no controle da ferrugem asiática?
Os fungicidas mais utilizados no controle da ferrugem asiática da soja são as misturas de triazóis, estrobilurinas, carboxamidas e morfolinas. Para aumentar a eficiência do controle da ferrugem asiática, é sugerido a associação de fungicidas sítio-específicos com fungicidas multissítios.
Em razão da resistência dos fungos aos fungicidas sítio-específicos, os fungicidas multissítios têm sido muito utilizados destacando-se mancozebe, clorotalonil e oxicloreto de cobre.
São muitos parâmetros a serem considerados, e por isso, para maior assertividade na tomada de decisão, o produtor pode contar com a DigiFarmz.
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