O vazio sanitário pode ser introduzido em diversas culturas e se tornou uma Portaria anualmente estabelecida pela Secretaria de Defesa Agropecuária brasileira, principalmente para as culturas de soja, do algodão e do feijão.
O objetivo da prática é reduzir a população de fungos nos ambientes de entressafra e atrasar a ocorrência da doença no estabelecimento da nova safra.
Atualmente, 11 Estados e o Distrito Federal adotaram o método com base nas sugestões dos Órgãos de Defesa Sanitária Vegetal, através da Portaria nº 306, que estabelece a prática.
Para o que serve o vazio sanitário?
O vazio sanitário é uma determinação normativa estadual que, além de proteger as plantações, também protege o agricultor das consequências de uma lavoura doente, como a perda de produtividade, de rentabilidade e maior custo de produção.
No Brasil, é um requisito legal e os produtores devem respeitar o período que varia de 60 a 90 dias, em que as doenças e plantas voluntárias ou daninhas que venham a emergir no ambiente devem ser eliminadas.
Neste período, as plantas voluntárias, também chamadas de plantas tigueras ou guaxas, se originam a partir das sementes das culturas resistentes aos herbicidas e ocorrem principalmente em áreas de sistema de rotação de culturas, com o exemplo de áreas em que estão sendo cultivadas soja mas emergem plantas de milho.
Eficiência do vazio sanitário da culturas
Se as plantas voluntárias emergirem na área em entressafra, deverão ser eliminadas, pois podem abrigar inóculos de doenças e causar prejuízos na safra seguinte.
Já os fungos carreadores de doenças decorrentes das semeaduras, podem infectar a planta desde seus estádios vegetativos.
Nesta situação, é necessária a antecipação da aplicação de fungicida, mas a demanda de um maior número de aplicações favorece a exposição dos fungicidas, ocorrendo maior chance de acelerar o processo de seleção de populações resistentes a esses fungicidas.
No vazio sanitário, todas as plantas, inclusive as que restaram de safras anteriores, são eliminadas por controle químico ou métodos físicos.
Isso é feito com o propósito de mitigar o desenvolvimento de doenças e pragas, como ferrugem asiática, mosca branca e bicudo, que são as mais recorrentes, nas culturas da soja, do feijão e do algodão.
No Brasil, a doença ferrugem asiática é a maior causadora de impactos no cultivo de soja, capaz de diminuir em até 90% a produtividade de uma lavoura, com perdas em custo e com o controle desta doença.
A implementação do vazio sanitário nas culturas tem como objetivo ser uma estratégia de manejo para reduzir a infestação de pragas e doenças, minimizando os impactos negativos durante a safra seguinte.
Quando começa o vazio sanitário?
A data de início do vazio sanitário da soja varia de acordo com a região do Brasil. No geral, o período se concentra entre os meses de junho e setembro, mas pode haver pequenas diferenças entre os estados.
Para saber a data exata para a sua região, você deve consultar os órgãos oficiais responsáveis pela agricultura, como a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SEAPA) ou o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA).
No Rio Grande do Sul, por exemplo, o vazio sanitário da soja para a safra 2024/2025 será dividido em três regiões:
- Região 1 (Noroeste, Centro-Norte e Nordeste): de 2 de junho a 31 de agosto;
- Região 2 (Demais regiões): de 22 de junho a 20 de setembro;
- Região 3 (Sudoeste): de 22 de junho a 20 de setembro.
A semeadura da soja na sua região só poderá ser feita após o término do período. As datas específicas para o plantio também são definidas pelos órgãos oficiais e geralmente variam entre setembro e janeiro do ano seguinte.

Gabriela Petry da Silva
Engenheira Agrônoma (UFRGS) | Mestre em Fitotecnia (UFRGS)
Especialista em Marketing de Conteúdo na DigiFarmz – BR
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